CIRCUITO CASCATAS DO RONCADOR - 03/02/2018




Começamos a caminhada às 8h em ponto, aos pés da Serra do Roncador, em Sampaio Correia.

A manhã estava inusitadamente fresca e com cara de outono. Entre os espaços de azul profundo no céu, havia nuvens mais escuras, pesadonas, porém isoladas e sem jeito de chuva - o que confirmamos ao longo do dia.

Com receio de encontrar muita gente mais tarde, na cascata de mais fácil acesso (a que tem o mesmo nome do roteiro), resolvi prevenir e levar a dupla de caminhantes primeiramente até ela. Chegamos lá às 8h30 mais ou menos.

O sol sequer tinha alcançado as rochas por onde a outrora imponente queda d'água começava a cair. A mesma continuava tão minguada quanto da última vez em que estive com o grupo ali, no seco mês de maio do ano passado. E isso apesar das chuvas que vem caindo razoavelmente bem na região, neste verão.

Fiquei conjecturando os motivos do ressecamento desse rio e cheguei à hipótese de que a razão poderia se dever ao aumento da demanda de veranistas pela água captada mais acima, pela concessionária do grupo Águas do Brasil - sem contar o desflorestamento do vale, as alterações no curso do rio, etc.

Tanto que, quando passamos pelo reservatório, o mesmo estava bem baixo e com ruído de água vertendo sem parar pela tubulação. Um problema (o aumento exponencial da demanda versus a queda na capacidade de produção da água) que infelizmente só tende a piorar com a continuidade desse modelo de crescimento sem limites adotado como paradigma por quase todas as sociedades humanas contemporâneas.

Ficamos aproximadamente 40 minutos curtindo a paz daquele belo lugar, totalmente sozinhos. Aliás, só encontramos dois moradores durante a totalidade do passeio, ainda assim em trânsito pelas trilhas. Verdadeira raridade, em se tratando da Costa do Sol, de um lugar de veraneio de grande procura e onde há cascatas de relativo fácil acesso. Que o mesmo permaneça assim, é nosso desejo!

Prosseguimos pegando uma trilha que nos levou a outra estrada, onde adentramos nova trilha - plana, bem sombreada e que nos levou direto ao tal reservatório.

Dali, pegamos um caminho que nos foi dando acesso aos três outros poços, em dois dos quais tomamos banho.

No primeiro, uma pequena mas consistente queda d'água caía num buraco de aproximadamente três metros de profundidade, onde a água é bem fria - justificando o antigo topônimo da Serra do Mato Grosso, que abarca a Serra do Roncador: Urussanga ou água fria.

Depois de nos refrescarmos bem, seguimos para o próximo poço, que é abrangido por uma propriedade particular onde algumas alterações bastante nocivas ao meio ambiente e ao cenário foram adotadas há alguns anos atrás - como desmontes de terra, afixação de canos e terraplanagem.

Assim, embora a segunda queda d'água fosse interessante, aquelas alterações maculavam um bocado de sua beleza, desmotivando-nos a cair na água.

Por isso, não nos demoramos ali, subindo um pouco mais até um recanto onde existe uma piscina natural rasa e de águas cristalinas, e onde encontramos em nossa última passagem por lá, em maio de 2017, uma calha de bambu canalizando parte das águas de uma corredeira que desliza sobre uma bela rampa natural de rocha. Lamentavelmente tal calha estava jogada em um canto do lago, rachada.

Como eu havia prometido que tomaríamos um dos melhores banhos do passeio neste local, não perdi tempo: improvisei sustentáculos e reparos com cipós para esta calha, de modo que pudéssemos receber uma refrescante ducha sentados nas nesse poço.

Demorou um pouco e deu um certo trabalho, mas consegui cumprir a promessa. O difícil era aguentar as beliscadas que os inúmeros pitus (camarões de água doce) safadinhos davam nas partes do corpo em contato com a piscina natural. Um doce problema, já que esses crustáceos são bioindicadores de altíssima confiabilidade da qualidade das águas.

Ao sairmos dali, meia hora depois, desfiz a estrutura, já que, como usei cipós vivos para manter suspensa a calha, os mesmos poderiam ficar prejudicados pelos nós. Assim, deixamos tudo como havíamos encontrado.

Na descida, fomos recolhendo um pouco das dezenas, talvez centenas de mangas caídas ao longo dos caminhos, apenas aquelas inteiras e maduras. E também comendo os jambos que estavam nos galhos ao nosso alcance. Passamos muito bem, pois.

Chegamos de volta ao Andarilho às 14h, perfazendo exatamente as seis horas indicadas na programação do roteiro.

Na estrada de volta, o tempo abriu completamente e passou a fazer muito calor lá fora. Felizmente, estávamos tão refrescados devido aos banhos no Roncador e ao ar condicionado do Andarilho (a minivan do Ecoando), que só percebíamos o clima de sauna nas paradas.

Até a próxima trilha.

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador



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