MORRO DE SANTO INÁCIO - 04/03/2018




Era uma alegria poder resgatar atividade há tanto tempo sumida da programação do Ecoando, num dia de tempo bom e com um grupo consistente de participantes.

Na realidade, havíamos deixado de incluir esse roteiro no cardápio de caminhadas do grupo há mais de 10 anos, devido a alguns episódios de violência no local - que chegou a ser frequentado por traficantes.

Com a melhoria da segurança ali a partir de 2014, devido em grande parte à criação do Parnit e ao consequente aumento da visitação no local, nos sentimos mais seguros de retornar (não sem antes entrar em contato com o administrador do Parque, o geógrafo Alex Figueiredo, para nos certificarmos se estava tudo realmente tranquilo). E não nos arrependemos.

Iniciamos a caminhada às 8h30, ao lado do posto da guarda municipal, seguindo a estradinha que liga São Francisco a Maceió e de onde sai a bela trilha. A bem da verdade, a própria estrada já era um atrativo por si, cercada por densa floresta, erma e com muito pouco movimento.

Entramos na trilha meia hora depois de caminharmos pela estradinha, subindo bem devagar. Chegamos no topo do Santo Inácio às 9h30.

O tempo estava meio encoberto e com muita névoa, permitindo a contemplação das paisagens mais próximas apenas. Assim, víamos a Serra da Tiririca, parte da Região Oceânica e do mar, à nossa retaguarda, e parte da Região das Praias da Baía, à nossa frente. As montanhas do Rio estavam todas escondidas. Mesmo assim, o grupo curtiu muito os visuais possíveis, além do bem-estar de alcançar esse verdadeiro monumento natural que é o Morro de Santo Inácio.

Lá lanchamos, tiramos muitas fotos, compartilhamos informações sobre o local e cheguei até a lembrar de um projeto doido de construção de um monumento religioso no alto do Morro da Viração, atualmente parte integrante do Parnit, proposta que felizmente caiu no esquecimento (para saber mais sobre ele, acesse: http://portal.rebia.org.br/cidadania/3809-abaixo-assinado-nao-ao-projeto-religioso-para-o-morro-da-viracao-em-niteroi--rj).

Começamos a descida por volta das 11h, conferindo uma nova trilha que dois caminhantes que passaram por nós informaram. A mesma, que desce mais a sudoeste do morro, é bem mais agradável e simples que a original, por onde subimos, por ter mais sombra e menos obstáculos. Obra útil, bem feita e de aparente baixo impacto ambiental - parabéns ao pessoal do Parnit por ela.

De volta à estradinha, o grupo topou em peso a visita extra ao Parque da Cidade. Para evitar o movimento de carros e tornar mais variado esse passeio, resolvi fazer um circuito, utilizando várias trilhas, algumas históricas e outras menos conhecidas.

No entanto, como há muito tempo eu não andava por ali, acabei descobrindo que o final de uma trilha que segue abaixo e paralela à estrada de acesso ao Parque da Cidade se tornou pista de mountain bike, sem alternativa para quem quiser apenas caminhar com segurança! Por sorte não apareceu nenhum praticante desse esporte adrenérgico durante nossa passagem, caso contrário teria sido sinistro... Algo a ser seriamente questionado com a administração do Parnit.

Chegamos ao Parque da Cidade às 12h30, o qual estava, como sempre, cheio de gente e de carros. Esse contraste, entre a paz e a quietude das matas em contraposição àquela muvuca e barulheira, chocou um pouco alguns participantes. Mas, no final das contas, todo mundo acabou gostando dessa diversidade de ambientes e de tribos.

O ponto realmente negativo daquele que é um dos principais pontos turísticos de Niterói, é a falta de uma lanchonete de qualidade lá em cima. O food truck que existe no local, foi reprovado por todos do grupo, ou por não ter alimentos e bebidas de qualidade, ou por suas instalações serem bastante precárias. Algo que precisa melhorar e muito.

Começamos o retorno aos carros às 13h, seguindo pela trilha do Bosque dos Eucaliptos - que sempre encanta quem anda por ela. A não ser pelas placas de propriedade particular do Hotel Panorama, da empresa imobiliária Capital 1, que anda querendo fechar aquela área do Parnit e suas trilhas.

O argumento dos empresários que se dizem donos do local e que já deram a entender que não querem visitação ali, é de que a área é deles e por isso é seu direito vedar a entrada de "estranhos". Mesmo com as décadas de uso consolidado como área de lazer do niteroiense e da lei que decretou aquela unidade de conservação.

Tomara que nesta briga, vença o bom-senso e a precedência do direito difuso sobre o interesse particular.

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador


Comentários

Postagens mais visitadas