OBSERVAÇÃO DE PÁSSAROS NA REGUA - 20/01/2018
Primeiramente,
uma correção no título deste roteiro: ao invés de “pássaros”, deveríamos ter
adotado a palavra “aves” para designar os animais que prioritariamente
planejávamos observar (sem a pretensão de identificá-los, como fazem os clubes
de observadores de aves, já que este era o nosso primeiro e mais estrito
contato com essa bela e importante atividade).
Isso
porque, os pássaros são uma ordem (dos passeriformes) pertencente à classe dos
animais (aves) vertebrados que possuem corpo recoberto de penas, bico sem
dentes e outras características peculiares.
Daí, todo
pássaro é ave mas nem toda ave é pássaro. Além do mais, não observaríamos
apenas pássaros, mas também aves em nossa atividade, daí a ressalva.
Embora essa
classificação ainda gere controvérsias no meio acadêmico, é bem fácil de se
identificar os pássaros: eles são pequenos, geralmente canoros (ou seja,
cantam) e pertencem à mais numerosa ordem de espécies de aves do Brasil. Para
saber mais, acesse: http://passarinhando.com.br/index.php/component/k2/item/918-observacao-de-aves-ou-passaros.
Pensando
bem, talvez o melhor título desta viagem de um dia do Ecoando,
fosse: Observação da biodiversidade na REGUA, já que este era realmente o
nosso objetivo maior (especialmente a anta recentemente introduzida lá). Tanto
quanto a integração que pretendíamos ter (e que realmente tivemos) junto àquele
lugar de cura da natureza, de troca e de conhecimento. Mas enfim, como era uma
estreia, acabou ficando aquele título mesmo.
Voltando ao
relato da atividade, o dia estava ensolarado e fresco nas primeiras horas da
manhã, principalmente na REGUA, que é a abreviação para Reserva Ecológica de
Guapiaçu. A partir do meio-dia apenas é que a temperatura começou a ficar bem
alta, com aquela sensação típica de abafamento, devido à umidade.
Chegamos à
sede dessa Reserva Particular do Patrimônio Natural às 8h em ponto, iniciando a
caminhada 15 minutos depois, tempo suficiente para nos arrumarmos e fazermos um
rápido bate-papo (onde cada um se apresentou ao lugar, foram repassadas
recomendações de conduta consciente em ambiente natural e realizado um
aquecimento muscular).
Já neste
local, que é bastante movimentado com o vai e vem de pesquisadores e
funcionários, tivemos a chance de ver juritis (uma espécie de pomba silvestre),
um gavião (que não consegui identificar a espécie) e bem-te-vis.
Ao invés de
entrar logo na Trilha Amarela, ou dos Alagados, nosso trajeto em um dos mais
cênicos e fáceis roteiros desse local, levei a dupla de caminhantes até a torre
de observação próxima à pousada que faz parte da própria REGUA, para elas terem
uma noção da amplitude da área protegida e do trajeto que faríamos.
Ali, além
de falar sobre a importância da Mata Atlântica, contei um pouco sobre a
história da criação dessa unidade de conservação, iniciada em 1998 a partir de uma fazenda
que foi transformada em santuário de biodiversidade, por um casal visionário,
Nicholas e Raquel Locke, apaixonados não apenas pela natureza, mas também por
justiça social.
Segundo
matéria do Jornal O Globo (disponível, em: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/projeto-em-cachoeiras-de-macacu-protege-reserva-do-guapiacu-13685522#ixzz54fOEp6Hw),
tudo começou com uma punição familiar: ou o então jovem londrino Nicholas
estudava, ou teria que cuidar da fazenda da família no Brasil.
Nicholas
optou pela segunda alternativa e por transformar a fazenda num lugar de
restauração da natureza, contando com a ajuda dos próprios moradores das
comunidades próximas, depois que um visitante, outro londrino, se encantou com
a biodiversidade ali existente.
Junto com a
sua esposa e seus filhos, Thomas e Micaela, empregando mão de obra local – que
conta inclusive com ex-caçadores -, e contando com apoios de grandes empresas e
de órgãos ambientais, o empreendimento cresceu, amadureceu, ganhou projeção
internacional e é cada vez mais respeitado por seu trabalho em reverter o
processo histórico de degradação da Mata Atlântica.
Essas e
outras informações (como o projeto de construção de uma represa para
abastecimento de água da Região Leste Fluminense, que ameaça a sobrevivência e
a produção agrícola de aproximadamente 80 famílias de lavradores de Guapiaçu)
eu ia repassando às caminhantes, à medida em que íamos andando e visitando os
recantos.
Depois
dessa primeira etapa, retornamos e só então entramos na Trilha Amarela, uma das
várias abertas à visitação controlada na Reserva.
Nossa meta
inicial era chegar ao primeiro abrigo, onde teríamos mais chance de ver
animais. Isso porque, esta é uma estrutura construída especificamente para
disfarçar a presença humana e assim possibilitar observações mais completas da
fauna.
Fomos
brindados logo de cara com a visão de uma família de 14 capivaras, a
aproximadamente 20 metros
de nós, descansando numa ilha deste primeiro lago. Pouco tempo depois, as
mesmas nadaram em fila indiana até outro local, proporcionando outro delicioso
espetáculo.
Embora
houvesse poucas aves visíveis – entre elas frangos d’água, garças, talvez uma
marreca-cabocla, viuvinhas, anus-coroca (Crotophaga major), anus pretos
(Crotophaga ani) e gaviões, fora aquelas que só ouvíamos – como a choca -, o
cenário daqueles lagos espelhados, cercados por vegetação em vários estágios de
recuperação e com a moldura das montanhas por detrás, já teria valido por si só
a visita. Sem contar o céu de azul profundo, com algumas poucas nuvens
algodoais se formando no topo dos morros mais altos. Lindo!
Ficamos
algo em torno de meia hora ali, no abrigo, nos deleitando com aquele camarote que
tinha até ar condicionado natural: um ventinho fresco que entrava pela lateral
esquerda daquela construção, dando um refresco providencial. Aproveitamos a
oportunidade inclusive para lanchar.
Continuando
pelos largos e bem cuidados caminhos, íamos apreciando as paisagens, tentando
identificar as aves em suas vocalizações ou reconhecer as árvores que vem sendo
plantadas ano após ano no local, aos milhares.
Às 10h,
chegamos ao abrigo suspenso, outro posto de observação de aves, desta vez
elevado. Embora mais emocionante que o primeiro, por estar a aproximadamente 5 metros do solo, a visão
do lago encontra-se bloqueada por galhos. Daí, o que vale mesmo nessa estrutura
é a aventura de subir numa quase casa na árvore.
Às 11h30,
chegávamos ao final do trajeto de aproximadamente 3 quilômetros . Como
esse término se deu mais cedo do que eu previra, sugeri às meninas fazermos um
trecho da Trilha Marrom, que atravessa áreas que foram recuperadas mais
recentemente que na Trilha Amarela – embora nem notássemos isso.
Assim,
depois de passar a ponte suspensa, seguimos pela trilha bem mais estreita e
fechada, indicando inclusive estar sendo pouco utilizada por visitantes. Como
não havia atrativos marcantes na mesma e percebendo que a dupla já não tinha
tanta empolgação quanto na trilha anterior, resolvi antecipar o encerramento
daquela, aproveitando para sair do trajeto por um de seus atalhos, construídos
mesmo para esses encurtamentos.
Retornamos
ao Andarilho (a minivan do Ecoando) às 12h30, embarcando logo a seguir. Nosso
próximo destino agora era a Prainha, remanso do Rio Guapiaçu localizado bem
próximo ao centrinho urbano dessa localidade, cujo topônimo tupi significa
“guapira (lugar onde se inicia um vale) grande”.
Ao chegar
lá, no entanto, notamos o que eu já desconfiava: de que, por ser esse local uma
das poucas áreas de lazer da comunidade, a quantidade de gente era grande nos
poucos metros quadrados da Prainha. Por sorte, havia outros remansos, a
montante do rio, com bem menos gente. E também mais limpos.
Escolhemos
um desses recantos ribeirinhos mais privativo, para tomarmos nosso demorado
banho nas cristalinas e límpidas águas desse rio que abastece, junto com o
Macacu e já abaixo do limite, a Região Leste Metropolitana. Mas não demoramos
tanto assim, já que as nuvens iam se avolumando cada vez mais nas serras,
indicando que o temporal não iria demorar a cair.
Dito e
feito. Alguns minutos depois de termos saído do lugar, por volta das 14h, as
pancadas de chuva começaram,
No
restaurante Tango & Carne, ainda em Cachoeiras de Macacu, onde paramos para
almoçar, choveu bastante. Mas, como estávamos muito bem acomodados, bem
servidos de uma comida de qualidade e seguros, simplesmente aproveitamos a
beleza dos pingos de chuva iluminados pelo sol.
Pelo visto
e pelos comentários, esse passeio que pode ser feito inclusive por idosos e
crianças pequenas foi aprovado e continuará na programação do Ecoando.
Veja as
fotos desta e de outras atividades do grupo, em Galeria de Fotos de nosso site:
http://www.ecoando.eco.br/galeria-de-fotos/
Abraços,
Cássio
Garcez
Coordenador
Coordenador
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