CIRCUITO CAMINHOS COLONIAIS - 02/06/2018 (adiada de 26/05)




Esta atividade, adiada do dia 26 de maio devido aos riscos associados à greve dos caminhoneiros (como fechamento de estradas, conflitos, violência, etc.), por sorte pôde ser realizada neste último dia ensolarado antes da entrada de uma frente fria, que trouxe muita chuva. E que também por sorte permitiu que mais gente participasse.

Assim, iniciamos nossa caminhada em Raiz da Serra de Itaguaí, depois de estacionarmos os automóveis ao lado da Mansão do Forró, do Adriano, restaurante que é referência naquelas bandas.

Subimos lentamente a centenária estrada, muito bem conservada em seu calçamento colonial de pé-de-moleque e pedra de mão, parando de tempos em tempos para descansar e curtir os atrativos do lugar.

Nesta paradas, eu também repassava ao grupo informações sobre essa via, como os motivos que levaram à sua construção, sua importância para o escoamento do ouro e do café, seu papel no desenvolvimento de várias cidades, como São João Marcos e Rio Claro, e sua decadência devido a uma série de fatores. Felizmente as informações mais importantes consegui passar antes de ficar quase afônico, devido aos resquícios de uma gripe.

Levamos cerca de duas horas e meia para chegar até a "virada" da serra, onde se encontra a Fazenda Lafayete, do Bope, praticamente 1/4 do percurso apenas. Quando informei isso ao grupo, teve gente quase pedindo para sair, bem ao estilo do filme Tropa de Elite. Felizmente ninguém desistiu, até porque teria dado mais trabalho essa decisão do que continuar nos outros 3/4 da caminhada.

Daí mais 40 minutos, desta vez em descida, chegávamos ao povoado de Três Vendas, já no município de Piraí desde o alto da serra. Ali paramos para lanchar na centenária venda que ainda funciona, localizada ao lado da outra única que ainda está de pé, mas desativada. A terceira, que junto dessas dava nome ao lugarejo, já não existe mais.

Ficamos meia hora ali, descansando, saboreando nossos lanches ou pasteis da venda, e observando o movimento do local, que parecia estar maior do que das outras vezes em que estivemos ali. O motivo nós íamos descobrir mais tarde: as melhorias que a prefeitura de Itaguaí fez na estrada de acesso a carros passando a atrair mais visitantes e turistas. Até ônibus passou a transitar por ali!

Ou esse movimento maior se daria em função da volta ao normal no abastecimento de combustível dos postos (que, devido à greve dos caminhoneiros, obrigou muita gente de ficar preso em casa durante dias, sem poder sair de carro), como aventou um cliente da venda? Hipótese bastante provável.

Recomeçamos nossa caminhada por volta das 12h45, seguindo a tal estradinha que nos levaria de volta ao ponto de partida, perfazendo um total de 17 quilômetros. E que agora consistiria a maior parte do tempo em trechos planos ou em declive, mais insolada e com paisagens bem diferentes daquelas da vinda.

Desta forma, agora visualizávamos muitos morros pelados (onde outrora foi plantado o café e hoje é criado gado), uma imponente fazenda de café, lagos e mirantes de vistas mais abrangentes, especialmente o da rampa de voo livre, onde paramos por volta das 14h para novo lanche, descanso e curtição das belas paisagens. Isso alguns minutos após atravessarmos mais uma vez a divisa de Piraí e Itaguaí.

Depois de meia hora neste local, recomeçamos a caminhada, desta vez descendo mais ladeiras, muitas delas pavimentadas apenas nos últimos anos (não voltávamos ao local desde 2013, quando elas ainda eram de terra).

Embora seja um melhoramento ansiado por moradores para o acesso às suas propriedades serra acima, essa pavimentação ofuscou muito da beleza e do interesse desse trajeto para o ecoturismo. Atrapalhou, mas não arruinou, já que mesmo assim ainda vale à pena o roteiro.

Na bifurcação da estrada entre a Serra do Matoso e a localidade do Caçador, começa um interessante e longo trecho plano, cuja estradinha de terra por vezes permite observar um outro tipo de calçamento antigo, de técnica construtiva nem tão esmerada quanto aquele pela qual subimos, mas igualmente interessante e belo.

Provavelmente construído à época do café, o mesmo é mais irregular e fica quase o tempo todo oculto pelo aterro que deve ter sido espalhado ali durante as últimas décadas.

Esse trecho costuma enganar muita gente, que acaba achando equivocadamente que já chegou ao nível do mar de tão plano que é. No entanto, depois de uns dois ou três quilômetros caminhando, é que a pessoa se dá conta de que ainda é necessário descer uns 200 metros de altitude até a baixada... E isto fazendo um longo ziguezague de quase 180 graus!

O bom é que aí a sombra da serra predomina, arrefecendo um pouco do calor do pré-frontal (a sensação térmica que costuma acompanhar a chegada de frentes frias). E também há belas paisagens, como de sítios de criação de animais, de laguinhos (onde em um deles há uma interessante imagem de Nossa Senhora Aparecida protegida por uma casinha de vidro, parecendo flutuar sobre as águas) e de florestas.

Chegando à baixada de verdade, notamos que grande parte do trajeto também está ou pavimentada com asfalto ou recoberto com refugo de minério de ferro da poluidora Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA). Ou seja, mais descaracterização de uma área rural importante ao ecoturismo, em Itaguaí. Uma pena.

Chegamos de volta a Raiz da Serra por volta das 17h, onde quem podia tomou uma cerveja bem gelada na Mansão do Forró.

Voltamos para casa com a tranquilidade de um trânsito fluído, talvez reflexo ainda do desabastecimento ocasionado pela greve dos caminhoneiros. E com a certeza de que tomamos a decisão mais acertada ao adiar tal atividade para o dia de hoje (embora não sem sofrimento até o bater do martelo).

Até a próxima trilha!

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador

P.s.: veja as fotos deste e de outros passeios do Ecoando, em: http://www.ecoando.eco.br/galeria-de-fotos/.

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