TRAVESSIA PIABAS-GRUMARI-MIRANTE DO CAETÉ - 07/04/2018
Começamos a
caminhada por volta das 9h30, partindo da casa de um parceiro antigo do
Ecoando, morador tradicional de Piabas, onde deixamos estacionado o Andarilho (a
minivan do Ecoando). Na Prainha, onde terminaríamos o percurso, ficaram dois
carros de participantes, um dos quais me levaria de volta para resgatar a
minivan.
O dia
começou bastante encoberto, mas foi abrindo aos poucos. A temperatura estava
bem agradável e a trilha quase sem mosquitos. Sorte a nossa, pois já tivemos a
triste oportunidade de enfrentar nuvens de pernilongos nesse trajeto, no
passado.
Chegamos ao
alto da Serra de Piabas por volta das 11h, conseguindo visualizar a Praia de
Grumari por entre a vegetação. Nessas pequenas paradas, eu ia repassando ao
grupo informações multidisciplinares sobre o local, como a história da passagem
de corsários por ali, a existência de fazendas de cana de açúcar no período
colonial, a criação do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB, cuja trilha onde
estávamos faz parte) e outras curiosidades.
Paramos
para lanchar antes de sair daquele trecho mais preservado do roteiro, ao lado
de um córrego, já perto da baixada. Eram 11h30.
Continuamos
seguindo por estradinhas que servem a casas de moradores tradicionais e que
hoje fazem parte do Parque Natural Municipal de Grumari, que a partir dos 100 metros para cima
(cota 100), se superpõe ao PEPB
Neste
local, aproveitei para comentar com o grupo sobre as contradições e os
conflitos causados por esta forma vertical de se criar unidades de conservação
de proteção integral em áreas habitadas, mesmo com o argumento da proteção da
natureza - que, paradoxalmente, também é válido.
Como este
assunto é tão controverso quanto complexo, me eximirei de analisá-lo aqui. No
entanto, não deixarei de convidar o leitor a conhecer mais sobre ele, na
perspectiva dos tradicionais, na obra O
Mito Moderno da Natureza Intocada, de Carlos Diegues, disponível em: https://raizesefrutos.files.wordpress.com/2009/09/diegues-o-mito-moderno-da-natureza-intocada.pdf.
Por volta
das 12h30, começamos a ver o mar ao final da estradinha, emoldurado pela copa
das arvoretas nativas plantadas durante anos a fio pela prefeitura do Rio, com
o objetivo de recuperar a flora local, depauperada por décadas de mau uso.
Neste
momento, as nuvens começaram a escassear, deixando as paisagens ainda mais
iluminadas e radiantes. Bem a calhar.
Por volta
das 13h, paramos para reabastecimento em um simpático restaurante de beira de
praia, que suscitou em muita gente a vontade de ficar ali, lagarteando nas
espreguiçadeiras com vista privilegiada do mar.
Continuamos
pela ciclovia que segue por entre a faixa de restinga e a Avenida Estado da
Guanabara, e que na realidade virou uma quase trilha. Antes da curva fechada
próxima ao final (ou início) da praia, partimos para a beira mar, para
continuar a caminhada pela areia. Os visuais dessa transição entre trilha,
mata, morros e mar era de tirar o fôlego.
Notamos que
o final da praia foi interrompido pelo avanço do mar, que roubou a areia que
ligava Grumari à Praia do Abricó, nos obrigando a voltar antes do desejado para
a estrada, através de uma precária e arriscada escadinha.
No trecho
de caminhada pela estrada, para a Prainha, cujos visuais são os mais
espetaculares de todo este percurso, ficamos parados durante algum tempo
curtindo as paisagens, tirando fotos ou simplesmente descansando.
Chegamos à
sede do Parque Natural Municipal da Prainha por volta das 14h30, depois de
deixarmos algumas caminhantes no restaurante Mirante da Prainha aguardando
nossa volta. Um opcional que já estava planejado para quem não aguentasse ou
não quisesse fazer o percurso completo.
Eu e o
restante do grupo chegamos às 15h ao Mirante do Caeté, cumprindo assim a
travessia completa. O local estava bem manutenido, com a estrutura de madeira
íntegra e firme, ao contrário de outras visitas que fizemos ali.
Embora
houvesse algumas pessoas lá em cima ocupando a pedrinha de onde se tem uma das
melhores vistas do litoral oeste do Rio, o clima estava tranquilo e cordial.
Aguardamos alguns minutos apenas para poder nos posicionar na mesma e tirar
nossas fotos.
Notamos que
havia um praticante de parapente tentando decolar de um matagal mais abaixo do
mirante, o que é extremamente perigoso devido ao local não ser preparado para
tal e haver alguns ameaçadores tocos de árvores para cima (além de
possivelmente ser proibido nesta unidade de conservação).
Curiosamente
o mesmo voador gritava para que alguém viesse segurar seu parapente, para
ajudá-lo na decolagem, como se esta fosse uma edificante boa ação. Mesmo diante
desse despropósito, um rapaz que estava curtindo sozinho e em paz as vistas do
local, se prontificou a ajudar aquele folgado, ralando bastante para chegar até
ele. Não nós!
Iniciamos a
descida às 15h30, seguindo direto para o restaurante - onde as participantes
que haviam lá ficado já estavam bem alimentadas, descansadas e passando um
certo frio, devido ao ventinho fresco do mar. Enquanto os caminhantes
recém-chegados forravam o estômago com os quitutes daquele tradicional point da gastronomia praiana, eu e um
dos participantes motorizados fomos buscar o Andarilho.
Eram 17h
quando retornei para buscar o pessoal, bem na hora em que o restaurante começa
a fechar. Timing perfeito!
Voltamos
para casa curtindo os visuais desse final de tarde à beira mar, repletos de
lindas paisagens na memória, felizes com o alto astral do grupo e sentindo
aquele cansaço gostoso de um dia inteiro de caminhada.
Veja as
fotos deste e de outros passeios do Ecoando, em: http://www.ecoando.eco.br/galeria-de-fotos/.
Abraços,
Cássio
Garcez
Coordenador
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