CONTRAFORTE NORDESTE DO MORRO DO CAJU - 24/06/2018



Este primeiro domingo do inverno amanheceu nublado, mas foi se abrindo aos poucos, até ficar completamente ensolarado por volta do meio-dia.

Iniciamos a caminhada pouco depois das 9h30, mais tarde do que o costume, para justamente dar uma canja a quem já tinha participado da atividade da véspera (o Circuito Serra do Calaboca).

Assim, pegamos o antigo leito da Estrada de Ferro Maricá (EFM) a partir do trevo de Bambuí, adentrando a fazenda de criação de gado que abrange quase todo o roteiro que estávamos estreando (até o momento exclusivo do Ecoando), coisa cada vez mais rara em Maricá e Região Metropolitana do Rio.

Ao longo desse primeiro trecho, íamos encontrando pelo chão carvões minerais que eram usados nas fornalhas das locomotivas à vapor da EFM, além de obras de engenharia dessa época, como drenagens e cabeças de ponte.

Embora os morros fossem cobertos por pastagens, com matas apenas em seus topos, o cenário tinha a sua beleza. E também remetia ao passado colonial da região, dominado durante séculos pelos monges beneditinos que basicamente criavam gado numa fazenda que chegou a abarcar terras desde Itaipu até Ponta Negra, constituída por doações de terras aos religiosos e também negociações.

Essas e outras histórias e informações eu ia contando ao grupo à medida em que caminhávamos e encontrávamos temas de interesse - entre eles ruínas, um pouquinho do que restou de um caminho de tropeiros e a própria visão da rodovia Amaral Peixoto.

Após algum tempo seguindo pelo antigo leito da ferrovia que ligou Niterói a Cabo Frio, seguimos em direção a um vale, subindo a trilha de boi que atravessa uma capoeira que resistiu às décadas de degradação causadas pela pecuária.

Lá na cumeeira do morro, por entre a vegetação, visualizamos as falésias mortas da Ponta do Fundão, pertencentes à APA de Maricá e integrantes do sistema lagunar. Mas esse era apenas um aperitivo do que viríamos a ter mais adiante.

Prosseguimos pela trilha que agora seguia ao lado da cerca de arame farpado até chegar ao pasto que recobre a pontinha extrema do Morro do Caju a nordeste - que na realidade é uma serra formada por vários morros interligados e em cuja sua ponta oposta (sudoeste), está o centro urbano de Maricá.

Neste momento, observamos de camarote o vento empurrando as nuvens que tapavam o sol, o que formou uma clara linha divisória celeste: de um lado tudo branco e do outro o azul cerúleo. Lindo!

Atravessamos o tal restinho do caminho de tropeiros, que ainda é usado por moradores e criadores de animais, descendo novamente até o antigo leito ferroviário, mais adiante do que já havíamos caminhado.

Prosseguimos por aí até o momento em que subimos outro contraforte do Morro do Caju, desta vez em direção à sua cumeeira principal. O sol agora estava a toda força, pois além do céu ter limpado, estávamos próximos ao meio-dia.

Por isso, cada sombrinha de árvore era valorizada, por mais humilde e isolada que fosse. Por sorte, começou a soprar uma brisa de sul, trazendo o frescor e a umidade do oceano até nós.

Chegamos ao nosso objetivo, o alto de um dos contrafortes mais acessíveis do Morro do Caju na direção sudoeste (embora ainda podendo ser considerado nordeste), às 12h em ponto, onde ficamos durante uma meia hora apreciando as belas e renovadas paisagens, além de lanchar.

E onde também o guia continuou repassando informações, como sobre as Ilhas Maricás, a formação geológica local e a ameaça de degradação ambiental das matas ali existentes devido à construção do Gasoduto Rota 3, da Petrobras.

Retornamos quase pelo mesmo caminho, desta vez traçando uma reta até a porteira de onde havíamos saído.

Terminamos nossa caminhada por volta das 14h, esticando até o restaurante que fica na entrada de Bambuí.

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador

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