CIRCUITO LAGOA DE ITAIPU - 12/10/2018


O dia amanheceu como nos anteriores: fechado, chuvoso e muito molhado. Mesmo assim, apareceram seis corajosos participantes, que permitiram que realizássemos essa caminhada Ecoando25 - uma das seis ecossolidárias e gratuitas do semestre, em comemoração ao aniversário de 25 anos de nossa instituição.

Curiosamente, assim que chegou a última participante, o temporal que caía já há aproximadamente 40 minutos parou completamente. Ufa, valeu pela canja, São Pedro!

Começamos a caminhar por volta das 7h40, justamente aguardando a retardatária que trouxe a estiagem. Seguimos por ruas mais próximas à Lagoa de Itaipu, visitando primeiramente o istmo que adentra a mesma, no final do canal. Depois, prosseguimos beirando este até a sua barra, bastante remexida devido à ressaca.

Na passagem ao lado da Duna Grande e do beachrock revelado pela abrasão (erosão marinha), repassei informações sobre as populações de sambaquieiros que habitaram o local, há até 8 mil anos atrás, e seus sucessores, os Tupinambá.

Aliás, o que não faltava era informação multidisciplinar ou interdisciplinar, que este guia ia repassando em doses homeopáticas à medida em que caminhávamos. Como também sobre a formação geológica da lagoa, a colonização, a pesca tradicional, os causos pitorescos e a especulação imobiliária que tenta privatizar e destruir o pouco que restou de natureza preservada e serviços ambientais prestados pelos ecossistemas locais. Foi bom lembrar do abraço à lagoa, ocorrido nesta mesma época, há quase exato um ano atrás.

Da barra, continuamos caminhando pela Praia de Itaipu até seu Canto Sul, prosseguindo com o repasse de informações sobre o lugar.

Quem muito ajudou nessa tarefa, foi o "Seu" Chico, pescador tradicional nascido e criado em Itaipu, além de liderança comunitária e presidente da Alpapi (Associação Livre dos Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu), que encontramos próximo ao Canto Sul e que gentilmente atendeu meu pedido para dar uma "palhinha" sobre a vida de pescador tradicional.

Chico falou sobre as dificuldades cada vez maiores em tirar o sustento do mar, devido ao aumento da poluição marinha e do uso da Enseada de Itaipu por embarcações de apoio a plataformas de petróleo (os chamados supplyes, que possuem zonas de exclusão para a pesca e a navegação em um raio de 500 metros ao redor dos mesmos), que ali fundeiam. Contou também a respeito de pescadores amadores, que em finais de semana, às vezes, rasgam redes dos pescadores tradicionais. Sem contar com as viradas de tempo, como a que estávamos, quando os barcos não podem sequer sair para o mar.

Agradecemos as informações do Seu Chico e continuamos nossa caminhada, que teve uma paradinha no Restaurante Panela Furada, às 9h, para tomarmos refrigerantes e, quem tinha pique já tão cedo, uma cerveja.

Ao passarmos pelo Museu de Arqueologia de Itaipu, vimos que ele já estava aberto (10h e pouco). Daí, é claro que convidei os participantes a conhecê-lo ou revisitá-lo, já que isso seria a coroação da vivência e das informações por nós trabalhadas na caminhada.

Visitamos sua exposição permanente, chamada de Percursos do Tempo, que conta a história desde os sambaquieiros e índios, até os colonizadores e pescadores tradicionais de hoje.

Terminado o passeio, ficamos com pena de quem não compareceu com medo da chuva, pela manhã tão agradável e rica perdida... Quem sabe esse episódio não sirva como lição para se pensar duas vezes antes da desistência da caminhada em dia chuvoso?

Abraços,

Cássio Garcez

Coordenador

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