SEGREDOS DO PONTAL DO ATALAIA - 29/09/2018
Mesmo com as
chuvas que caíram a semana inteira e as previsões incertas da meteorologia para
hoje, apareceu um grupo consistente de adeptos para fazer esta caminhada
exclusiva do Ecoando.
Assim,
começamos a andar a partir da Praia dos Anjos, às 9h, subindo o Pontal do
Atalaia por um caminho de pescadores.
Seguimos
pela estradinha de paralelepípedos e terra até um dos sambaquis mais próximos
da ponta extrema do Pontal, descendo por uma outra trilha de pescadores até os
costões voltados para o sul. Por eles fomos caminhando até chegar a um
pesqueiro de arremesso (um dos primeiros "segredos"), às 10h30, quase
de frente para a entrada do Boqueirão, onde havia um intenso trânsito de
embarcações de turismo. Paramos ali para lanchar e ficar curtindo os visuais
marinhos do lugar.
Ficamos
neste local de grande beleza e paz, por aproximadamente uma hora. Ou seja, experiência
possível devido unicamente ao tempo nublado e à brisa fresca que não parava de
soprar. Com um pouco mais de sol, teríamos torrado ou derretido.
Retornamos
pelo mesmo caminho e pegamos a trilha para alguns mirantes debruçados sobre a
entrada do Boqueirão, com outros ângulos de visão deste. Um daqueles ficava
justamente abaixo da Pedra do Gorila, uma das atrações visualizadas por
participantes dos passeios de barco na área, devido ao formato semelhante ao da
cabeça daquele primata. Embora fosse um local extremamente conhecido, não
deixava de ser um outro "segredo" chegar diretamente no atrativo. No
entanto, não houve clima para ficar mais tempo ali, pelo fato de haver uma urna
funerária (daquelas que guardam cinzas de corpos humanos) deixada recentemente.
O terceiro
"segredo", o banho em minúsculas praias encaixadas nos costões entre
a entrada do Boqueirão e as famosas Prainhas do Pontal, não foi possível de ser
realizado devido ao vento nordeste canalizado pelo canal entre a Ilha e o
continente, que bagunçou o cronograma da maré baixa e fez aquelas desaparecerem
sob as cristalinas águas de Arraial do Cabo. Ainda tentamos achar uma nesguinha
de areia mais oculta que desse para
acessarmos, mas estava tudo submerso. De qualquer forma, valeu a descida até
aquelas rochas, pois tivemos a oportunidade de ver um ângulo de visão raro do
Canal e da Praia da Ilha.
O jeito era
enfrentar a muvuca das Prainhas para tomar o tão desejado banho de mar. Afinal,
estava nublado e ventando, mas o mormaço era fortinho.
Entretanto,
ao invés de pegarmos a concorrida escadaria de madeira, seguimos pela antiga
trilha até a areia, partindo imediatamente para o canto direito da praia, onde
há uma recanto mais privativo, incluindo uma profunda gruta. Havia bem poucas
pessoas ali, o que nos deu uma sensação melhor do que se estivéssemos no meio
da multidão.
Depois de
todos caírem na água (que estava uma delícia), lancharem e descansarem, ficou
compensada a falta do banho nas prainhas secretas.
Na subida
de volta, os caminhantes preferiram usar a escada. Já eu, optei por repetir a
trilha.
Agora viria
o trecho mais "cascudo" do roteiro: a subida da trilha do Telégrafo,
que costuma ficar bem fechada pelo mato em alguns trechos, principalmente em
seu início. Para completar, a mosquitada estava assanhada, tornando um pouco
mais desconfortável esse percurso. Tanto que, nas ruínas do antigo posto
telegráfico (o quarto "segredo"), sequer pude repassar as informações
históricas, devido ao ataque dos pernilongos, que não estavam respeitando nem
repelente.
Desta
forma, prosseguimos ligeiros em direção ao último "segredo", a Praia
Brava.
Em seu
acesso, no final da descida da escadaria de pedra que sobrou das décadas de
intemperismo, ventava bem e não havia mosquitos. No entanto o grupo,
unanimemente, desistiu de chegar até essa minúscula praia de mar aberto.
Cansaço, falta de disposição em subir tudo de volta e satisfação com o que já
havia sido realizado foram algumas das justificativas para essa decisão, que
acabou nos impedindo de cumprir esse último objetivo.
Ainda
assim, eu e outro participante mais jovem chegamos a descer mais um pouco, de
modo a apreciar com mais detalhes a praia que não alcançaríamos, deixando o
restante do grupo num mirante natural há poucas dezenas de metros acima de nós.
Neste
local, depois de retornarmos, ficamos todos durante alguns minutos fazendo o
exercício do silêncio, observando as ondas quebrarem nos costões, os surfistas
pegarem suas últimas ondas do dia e a tarde dando lugar ao anoitecer.
Retornamos
por outra trilha, mais direta, ao ponto de partida, resgatando os carros que
ficaram estacionados na Praia dos Anjos.
Encerramos
o passeio nos deliciando com a culinária e o atendimento de excelência do
restaurante Saint Tropez, um dos mais conceituados de Arraial do Cabo.
Saímos da
cidade já no escuro, chegando a Niterói por volta das 21h30, nutridos de corpo
de alma.
Nossos
agradecimentos ao grupo, por permitir a realização de uma atividade tão rica e
de trocas tão profícuas.
Abraços,
Cássio
Garcez
Coordenador
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