CACHOEIRAS DO SOBERBO - 15/12/2018




Para nossa felicidade, as previsões do tempo para hoje eram de chance mínima de chuva à tarde. Juntando com o sol rasgado e tínhamos condições ideais para curtirmos muito banho de rio com pouco risco de cabeça d'água (fenômeno em que as águas dos rios enchem de repente devido a chuvas nas cabeçeiras).

Assim, iniciamos a caminhada por volta das 8h30, seguindo direto para o Poço Verde, onde ficamos por aproximadamente uma hora. O lugar já tinha bastante gente, mas era amplo o suficiente para comportar a todos sem aquela sensação desagradável de muvuca.

Saindo dali, descemos até o Poço da Preguiça, que estava bem menos concorrido. Como muita gente não se animou a cair na água, lanchamos e saímos logo a seguir, não demorando mais do que 40 minutos neste local também de grande beleza.

De volta às imediações do estacionamento, pegamos a Trilha da Mãe D´água em direção ao Poço da Ponte Velha, que estava lotado. Daí, só ficamos o tempo suficiente para quem quisesse ir ao banheiro.

O próximo objetivo agora era a capela de Nossa Senhora da Conceição do Soberbo, uma singela e simpática construção em estilo barroco arcaico, emoldurada pela mata e com a Pedra do Escalavrado como pano de fundo. Cenário dos mais lindos não apenas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, mas da própria Região Serrana.

Nela tiramos muitas fotos antes de tentar ir para o próximo banho de rio, no Poço da Capela, logo abaixo. No entanto, o mesmo estava quase tão lotado quanto o da Ponte Velha, o que nos fez desistir na hora. A esperança era de que o Poço do Sossego estivesse mais vazio. Bingo!

Estava totalmente deserto! E isso durante toda os 70 minutos em que ficamos ali tomando o mais gostoso banho deste dia! A cachoeira estava forte, mas não daquele jeito que chega a dar medo de ficar embaixo dela. Também o poço estava espetacular, pois havia várias profundidades e até espaço para nadar de braçada. A água estava numa temperatura ideal, refrescante sem estar demasiadamente gelada. E a pedra que escolhemos para ficar lagarteando depois do mergulho era suficientemente ampla, sombreada, agradável e com vista para o vale abaixo. Foi difícil sair daquele paraíso particular...

Mas, a grande motivação para irmos até a última cachoeira - a da Caninana - foram as nuvens carregadas que já começavam a se avolumar serra acima.

De volta à trilha de retorno, bastou atravessar a estradinha do Parque para já entrar na Trilha da Caninana, cujo poço não levamos mais do que 10 minutos para alcançar.

Lá só havia um casal, na deles e curiosamente alheios tanto à nossa chegada quanto a qualquer movimento nosso. Seria alguma técnica aprendida durante vivências em locais lotados de gente?

Neste poço que é formado pelo desvio das águas do Rio Soberbo, mais acima, construído ainda no século 19 por trabalhadores da Fazenda Barreira do Soberbo (cuja sede hoje abriga o Museu Von Martius) para servir ao cultivo da quina (Quina calissaya, planta de onde se extrai o quinino, medicamento usado para combater a malária), pouca gente quis entrar, já que a água estava mais fria.

A exceção foram três adeptas, que fizeram a festa na cachoeira e no poço. Ficamos ali 40 minutos, saindo às 14h30, na hora certa, já que as trovoadas anunciavam a chuva para daí a pouco. Esta foi a razão de não termos visitado as ruínas ligadas ao cultivo da quina no século 19, mais abaixo, cuja produção era encaminhada para combatentes da Guerra do Paraguai.

Para ganhar tempo e fugir do provável temporal, optamos por subir pela estrada. Mesmo assim, achei que ainda daria tempo de visitarmos o Museu Von Martius. Foi na conta.

Assim que chegamos ao Andarilho (a minivan do Ecoando), começaram a cair os primeiros pingos. Felizmente ainda deu tempo de arrumarmos tudo antes de entrar Na Spin, quando só então começou a chover de verdade. Por sorte, não era nem temporal de verão e nem chuva contínua.

Tanto que, aproveitando que precisaríamos fazer o retorno no trevo do Garrafão, paramos para lanchar no posto que existe aí, consagrado ponto de encontro de montanhistas a caminho de seus roteiros matutinos em finais de semana e feriados. Assim que acabamos de tapear a fome, a chuva parou.

No caminho de volta, notamos que sequer havia chovido no trecho de baixada. E mais: que este tinha sido um dos dias mais quentes do ano! O qual nem sentimos por estarmos nos refrescando da melhor forma possível.

Valeu, São Pedro, pela canja! E também ao grupo, por ter permitido a realização de passeio tão purificador!

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador

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