ILHAS MARICÁS - 13/01/2019




O dia estava ensolarado e o mar bem calmo, condições ideais para a visita ao único arquipélago do extenso litoral que vai desde a Ponta das Andorinhas, em Niterói, até o Pontal do Atalaia, em Arraial do Cabo.

Embora tivéssemos chegado mais cedo que o costume à Praia do Francês, de onde saem as voadeiras para as Maricás, o movimento de outros grupos para visitá-las era grande, o que nos obrigou a aguardar nossa vez para fazermos a travessia com mais tranquilidade e juntos. Assim, zarpamos às 8h30, apenas.

Nesse meio tempo, acompanhei da praia a movimentação de um navio muito suspeito, que vinha dos lados da Baía de Guanabara carregado sabe-se-lá com o quê. Seria material de dragagem? Na dúvida tirei algumas fotos com o zoom de 200 mm e repassei a denúncia para colegas ambientalistas. O mais suspeito é que o mesmo fez a volta atrás das Ilhas Maricás, que acabaram bloqueando sua visão. Mas, na hora em que o vi novamente, ao longe, me pareceu mais vazio. Se não era bota-fora certamente foi lavagem de porão! Especialistas consultados ficaram de confirmar posteriormente.

Voltando ao passeio, levamos algo em torno de 20 minutos desde a Praia do Francês até o desembarque na Praia da Galheta. Poucas vezes eu tinha visto este local com tanta gente! Nos chamou a atenção também a quantidade maior de lixo. Por sorte, a água parecia limpa.

Levamos alguns minutos para nos arrumar, fazendo a preleção de forma mais breve. Às 9h em ponto começamos a caminhada, primeiramente em direção ao Farol da Marinha e ao Cemitério de Mariscos, no lado sudoeste da ilha maior.

As paisagens estavam brilhantes e a visibilidade excelente. Era possível identificar as montanhas da Serra dos Órgãos, como a Pedra do Sino e o Garrafão, além das montanhas do Rio, da Serra da Tiririca e de Maricá. Até os contornos da Ilha de Cabo Frio conseguimos ver!

Em determinados momentos da caminhada, parávamos para descansar e eu poder repassar ao grupo algumas das informações que fazem desse lugar um verdadeiro tesouro de história, geologia, ecologia, pré-história e curiosidades, entre outros atrativos. Como sobre a origem do nome do município, que é intimamente ligada à ilha maior, o corsário que fez o terror de navegantes ao largo das Maricás (César Fournier), durante a Guerra Cisplatina, a visita de Giuseppe Garibaldi em plena Guerra dos Farrapos, os naufrágios, a riqueza de suas águas, as ameaças do "progresso" e muito mais. Sempre é muito difícil sintetizar tantos dados importantes em poucas horas de passeio, mas o desafio foi cumprido, com o cuidado de não tornar maçante um passeio que precisa ser antes de mais nada interessante e prazeroso.

Chegamos ao Farol da Marinha pouco antes das 10h, ficando o suficiente para um rápido descanso e muitas fotos. Não permiti a entrada dos participantes no mesmo, como muitos visitantes fazem, primeiramente pelo fato dessa prática ser proibida. Afinal, sendo aquele um equipamento da Marinha do Brasil e de extrema importância para a navegação, imagine-se alguém esbarrando em algum mecanismo que prejudique seu funcionamento?

Em segundo lugar, a partir do momento em que a Diretoria de Hidrografia e Navegação souber que essas entradas estão acontecendo com frequência, existirá a possibilidade desta organização militar chegar a proibir a visitação daquele quadrante da ilha. Assim, por estas e outras, apreciamos o Farol do lado de fora apenas.

Continuamos nossa caminhada, agora descendo a trilha que de novo chega às rochas da beira-mar, talvez as mais interessantes de toda a ilha maior. O cenário ali é algo parecido com o de filmes de ficção científica, tamanha a plasticidade, a variedade de formas e a beleza das pedras. Em algumas delas é possível identificar indícios de quando elas eram pastosas e sofreram uma moldagem natural. Um verdadeiro parque de diversões para geólogos e todos aqueles que amam rochas.

Chegamos ao Cemitério dos Mariscos - uma depressão onde carapaças de crustáceos e moluscos vem sendo depositados talvez há milênios pelo mar - às 10h30 mais ou menos. Ali ficamos por aproximadamente uma hora, seja lanchando nas sombrinhas projetadas pelas rochas e suas cavidades, seja explorando os diversos atrativos do lugar e seja ainda tomando banho nas piscininhas naturais que ali existem.

Depois de retornarmos pelo mesmo caminho até a Praia da Galheta, as duas participantes preferiram ficar ali aguardando, enquanto a "turma do Bolinha" iria comigo conhecer o lado nordeste da ilha. Mas, antes de sairmos, nos refrescamos dando um bom mergulho, além de tomar fôlego para o trecho mais insolado e rochoso do dia.

Por sorte o vento leste veio refrescando a caminhada desde os seus primeiros passos, desaparecendo apenas nas áreas de "sombra" (onde obstáculos barravam a brisa).

Como a rapaziada estava motivada e querendo chegar logo às duas prainhas da ponta nordeste, levamos apenas 15 minutos até a primeira delas, a Prainha da Fenda, que é na realidade um corredor rochoso preenchido com areia e caquinhos de conchas na sua extremidade sudoeste. Como sempre, a mesma estava com suas águas azuladas e claras, fenômeno que ocorre com frequência ali talvez devido justamente ao calcário liberado pelo movimento dos cacos de conchas nas ondas.

Como não seria possível tomar banho neste local, pois a agitação do mar tornava isso perigoso demais, fomos direto para a Praia do Saco, talvez a praia mais abrigada e menos visitada da ilha. No entanto, para chegar lá, precisaríamos ultrapassar o "pulo-do-gato", uma pequena e nem tão complexa passagem rochosa, mas que não permite erro. E que assusta a quem não tem traquejo em rochas.

Para garantir a segurança, preferi colocar uma corda e trazer pela mão cada um dos participantes. Antes pecar pelo excesso do que pela falta de cuidado!

Uma vez do outro lado do "pulo do gato", a caminhada se torna bem mais fácil e muito interessante, já que a APA de Maricá - uma das mais ricas e ameaçadas unidades de conservação de restinga do Estado - fica em nossa linha de visão, assim como as Ilhas Crioulas, que fazem parte do arquipélago.

Na Praia do Saco, onde chegamos às 13h30, dois participantes entraram na água e os outros dois ficaram apreciando as paisagens, da pedra. Mas não nos demoramos, já que o "clube da Luluzinha" estava nos aguardando, assim como o horário agendado com nosso barqueiro era próximo.

Chegamos de volta à praia do desembarque às 14h30, onde ficamos durante meia hora arrumando as coisas, apreciando a paisagem ou tomando banho de mar. Às 15h nosso barqueiro chegou, pontualmente conforme havíamos combinado.

Embarcamos e levamos outros 20 minutos até a Praia do Francês, evitando a navegação ao redor do arquipélago, justamente por causa do forte vento leste, que nos deu bons banhos na travessia.

Chegamos sãos e salvos de volta ao continente, como sempre. E com vontade de voltar ainda neste verão, coisa que realmente faríamos no dia de Iemanjá, 2 de fevereiro, com uma formatação mais voltada para banhos de mar e mergulhos. Veja em breve o relato dessa nova visita.

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador.

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