OBSERVAÇÃO DE PÁSSAROS NA REGUA - 26/01/2019
Embora
estivéssemos no auge de uma seca fora de época em Niterói e em parte da Região
Metropolitana, felizmente o mesmo não acontecia na Região Serrana, da qual
Cachoeiras de Macacu, onde se localiza a Reserva Ecológica de Guapiaçu - REGUA,
está em parte situada.
Desta
forma, era provável que usufruiríamos da exuberância da flora e da fauna
daquele refúgio de vida silvestre renovada pela umidade, o que foi confirmado.
Saímos de
Niterói por volta das 6h de um sábado ensolarado de verão, pegando as estradas
bem vazias ainda. Tanto que chegamos antes das 8h à sede da REGUA, onde não
havia ninguém. Isso porque todo o pessoal que trabalha lá estava em férias
coletivas.
Mesmo
assim, Thomas, filho de Nicholas e Rachel Locke, proprietários da Reserva, o
qual estava ciente de nossa visita, havia providenciado a limpeza de todo o
traçado do caminho que iríamos trilhar àquele dia. Isso porque, nesta época do
ano, a vegetação cresce de forma extraordinária, deixando por vezes
intransitável uma via silvestre, mesmo das mais fáceis.
Iniciamos a
caminhada pouco depois das 8h, seguindo o sentido anti-horário da Trilha
Amarela, aquela mais plana e leve da REGUA, que contorna grandes lagos,
repletos de vida selvagem.
À medida em
que caminhávamos, o máximo possível em silêncio para não espantar a fauna,
íamos procurando aves e outros animais para observar. Em alguns momentos, eu
também repassava informações sobre o local, como a história da criação da
REGUA, o significado do topônimo Guapiaçu e a riqueza ecológica daquelas matas,
que em determinada altitude tem a sua proteção sobreposta pelo Parque Estadual
dos Três Picos.
Desta
forma, ao encantamento dos avistamentos e da beleza das paisagem eram
acrescidas doses de conhecimento multidisciplinar ou interdisciplinar pelo guia,
enriquecendo um passeio que por si só já era um tesouro vivencial.
Logo no
início, pudemos observar muitas capivaras descansando em uma ilha do lago, além
de um jacaré-de-papo-amarelo repousando em margem oposta.
Daí mais
alguns minutos de caminhada, chegávamos ao primeiro posto de observação do
circuito, um abrigo de madeira montado em uma ponta do lago para permitir a
contemplação com mais conforto dos animais.
Nesta
construção, devidamente camuflada e arejada, com amplas janelas, observamos as
capivaras nadarem de seu refúgio até o local de seu café da manhã. Um vento
fresco fazia às vezes de ar condicionado, nos motivando a ficar ali por quase
meia hora na contemplação.
Também vimos
algumas aves com nossos binóculos, embora poucas, como gaviões carcará,
maritacas, juritis, anus-coroca, frangos d'água, viuvinhas, garças e outras
espécies que não consegui identificar. A razão disso é que a gigantesca
diversidade da avifauna no local é melhor observada logo no nascer do sol, ou
no crepúsculo - e já eram quase 10h. No entanto, as que víamos já fizeram a
nossa festa!
Às 10h30,
paramos para lanchar num banco estrategicamente localizado, bem de frente para
outro dos belos cenários do roteiro. Lá encontramos um gato doméstico ativo,
mas doente, o que nos deu pena e preocupação em relação ao risco de transmissão
de zoonoses para animais silvestres. O ideal seria que esse animal fosse
resgatado, cuidado e colocado para adoção longe de ecossistemas silvestres. Mas,
por ora, com o bicho faminto, demos algum alimento para ele, tanto por
compaixão quanto para evitar que ele atacasse a fauna nativa.
Um pouco
adiante, chegávamos ao posto de observação elevado, uma estrutura parecida com
a primeira, mas sobre palafitas. Como a escada de acesso era um pouco precária,
ninguém além deste guia quis subir. Assim, continuamos a caminhada.
Por volta
das 11h30, com a temperatura subindo e as nuvens já começando a se avolumar na
serra, a sensação de abafamento começou a incomodar mais. Hora de sacar o
borrifador de água mineral gelada, mordomia exclusiva do Ecoando para refrescar
os caminhantes nas atividades do verão. E como deu certo!
Finalizamos
o circuito pouco depois da 12h, no ponto de partida. Antes de sair da REGUA, ainda
tentamos visitar a pousada que fica lá dentro, mas que estava também deserta.
Assim,
prosseguimos para a esticada via Andarilho (a minivan do Ecoando): o banho de
rio.
Para evitar
a muvuca da Prainha, um recanto bastante aprazível do Rio Guapiaçu, a poucos
quilômetros da REGUA, resolvi levar o pessoal para o Encontros dos Rios, outro
recanto, porém bem menos conhecido e acessível.
No entanto,
depois de estacionado o Andarilho e iniciada a descida por uma curta trilha até
o local de banho, eis que sinto um incômodo característico em minhas canelas:
elas estavam infestadas por carrapatos! Os micuins iam subindo afoitos não
apenas na minha perna, mas também na de todos os participantes, para se
instalarem em algum cantinho de nossos corpos. Só que não!
Imediatamente
pedi para todos darem meia volta e se posicionarem no local mais aberto
possível da estrada. Ali saquei os repelentes de alta eficácia que já havia
oferecido aos participantes no início do passeio e instruí para que fossem
aplicados com vontade sobre essa praga. Essa foi a nossa salvação, já que tais
repelentes, embora não matem esses bichos, os deixam tão baqueados que se torna
relativamente fácil se livrar deles.
Problema
resolvido, ninguém quis aceitar a alternativa do banho na Prainha. Também
pudera, a aventura dos carrapatos já tinha sido o suficiente...
Apesar
dessa surpresa desagradável, todos os participantes adoraram a atividade.
Abraços,
Cássio
Garcez
Coordenador.
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