CIRCUITO PRAIAS DE JOSÉ GONÇALVES E DA AMENDOEIRA - 23/03/2019




Começamos a caminhada às 8h40, já apertados em relação ao horário da maré baixa, cujo ápice seria daí a uma hora. Este seria o melhor cenário para visitar a Praia da Amendoeira, pois é quando há mais areia emersa. Embora não seja imprescindível ser a baixa de sizígia (o nível máximo da baixamar), se não for maré baixa, tal praia some.

O dia estava ensolarado e com muitas nuvens, e o solo bem úmido das chuvas da véspera, o que tornava o clima mais agradável e o ar mais perfumoso.

Com receio da maré subir mais rápido do que eu imaginava, imprimi um ritmo mais ligeiro pelas trilhas do setor APA do Pau-brasil do Parque Estadual da Costa do Sol, em Armação dos Búzios, em direção àquela praia. Na picada que sai da trilha principal em direção a esta, a vegetação estava bem cerrada, indicando que pouca gente vem se aventurado ali. Algo bastante desejado por nós, que queríamos justamente privacidade e maior integração à natureza.

Por outro lado, pelo caminho encontrávamos galhos e folhas cortados recentemente. Quando estávamos bem perto da praia, descobrimos o autor dessa manutenção espontânea: um pescador munido de foice. O cumprimentamos e cada um seguiu o seu caminho.

O capim colonião que ocupa o contraforte entre a mata e os costões rochosos à beira mar estava bem alto, dificultando um pouco a caminhada nesse trecho final da primeira pernada do roteiro. Mas a visão do oceano de cores caribenhas e da prainha deserta fizeram valer todo o esforço e suor. Eram 10h10 quando chegamos ao restinho de areia ainda emersa.

Apesar da maré estar mais alta do que previa a tábua de marés (talvez por conta da ressaca), ainda seria possível nos esbaldarmos até a hora da saída - o que só aconteceu por volta do meio-dia.

Embora o mar estivesse assim brabo, com ondas de até 2 metros de altura, elas quebravam distantes da praia, que é de areia batida, tal qual a do Peró, da qual é separada por algumas dezenas de metros de rocha, a oeste. Daí, para cair na água, era necessário apenas andar um pouco e se deitar nas marolas que vinham rolando mansas depois da onda quebrar lá no fundo. Teve gente quase criando limo de tanto tempo que ficou em contato com as cristalinas e mornas águas desta parte marinha da APA.

Para a próxima praia, a de José Gonçalves, fomos e voltamos pela mesma trilha, ao invés da estradinha que beira o mar e que passa pela cinematográfica Casa 8, do condomínio de Caravelas. Isso porque tinha gente sentindo a coluna, daí seria mais prudente não forçar para fazer o caminho circular.

Chegamos àquela praia, às 13h, que estava linda como sempre. Nela, alguns de nós tomamos mais banho de mar, ainda mais gostosos do que na Amendoeira. A temperatura estava ideal, havia bem pouca gente e soprava uma brisa fresca de leste. Daí, mesmo quem não quis cair na água, foi se refrescando na sombra da amendoeira mais frondosa do local.

Retornamos ao ponto de partida às 15h, horário ideal para esticarmos até a Casa da Flor, patrimônio nacional da cultura material localizado em São Pedro da Aldeia, onde chegamos daí meia hora depois.

Fomos recebidos pelo "Seu" Valdevir, sobrinho do construtor daquela casa de sonhos, Gabriel dos Santos, verdadeiro guardião dessa obra da arte espontânea, além de um atrativo insubstituível dessa visita.

Isso porque, além do carisma desse senhor que aparenta ter seus 70 anos de idade, os poemas e causos por ele compartilhados com paixão e propriedade junto aos visitantes são dignos de um saltimbanco, e dos bons, tamanha sua vocação e virtuosismo na falação.

Com ele aprendemos sobre a missão de Gabriel, sua perseverança, a capacidade artística desse homem simples na aparência, mas complexo em sua essência, e a certeza por este alimentada de que um dia a Casa da Flor seria famosa - vaticínio que se confirmou internacionalmente.

Foram 30 minutos de puro encantamento e de muita emoção.

Fomos embora para casa assim, repletos de natureza preservada, de histórias, de sonhos e de aprendizados. Para completar a vivência, ainda vimos um belíssimo pôr do sol na estrada de volta.

Obrigado ao grupo pelo compartilhamento da oportunidade e a possibilidade de realização de um passeio tão rico como este.

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador.

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