CACHOEIRA DA REGUA - 30/11/2019

Foto 1: a Cachoeira da Regua com banhistas.



Por conta da chuva que vinha caindo firme até a noite anterior a essa caminhada, muita gente que estava interessada acabou desistindo por não acreditar que o tempo pudesse abrir no dia seguinte - como aconteceu. Situação esta que se repetiu por pelo menos umas quatro vezes nas últimas semanas e nos obrigou a cancelar diversas atividades.

Assim, embora não houvesse número mínimo de inscritos para a realização desse passeio (pelo fato de os presentes não cobrirem os custos envolvidos), decidi mantê-lo assim mesmo, tanto para não frustrar quem tinha se programado a ir nele, quanto para tentar quebrar a sequência de cancelamentos em função do tempo. Como já fizemos em diversas outras vezes ao longo da história de quase três décadas de Ecoando.

Afinal, embora seja fundamental uma remuneração que valorize condignamente a qualidade de um trabalho como o nosso (que muita gente injustamente considera como "caro"), ela não é mais importante que o próprio trabalho em si.

Mas voltemos à caminhada, que começou às 8h, depois de pegarmos o condutor, na sede da Reserva Ecológica de Guapiaçu - Regua, alguns minutos antes.

Morador de Guapiaçu e funcionário da Regua, Miguel faz parte de uma equipe de condutores especialmente treinados para orientar grupos por essas trilhas mais longas e primitivas da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) liderada por Nicholas Locke e sua família. Os mesmos recebem uma remuneração paga pelos próprios visitantes, o que garante geração de renda ligada à preservação da natureza a membros de uma comunidade que antes encarava as matas como mera fonte de recursos e local de caça.

A presença desses condutores é obrigatória na visita da Cachoeira da Regua, já que esta fica numa das zonas primitivas do Parque Estadual dos Três Picos (PETP), unidade de conservação de proteção integral que se sobrepõe à Regua em suas porções mais altas. Isso em princípio, impediria a visitação segundo o Plano de Manejo daquele, pois a mesma é vedada em áreas mais restritivas como essa. Daí, com esse acordo de cavalheiros entre as administrações das duas unidades de conservação, a visitação e a preservação da natureza continuam garantidas.

O problema é que muitos moradores não acatam essa determinação, continuando desta forma a fazer visitas à cachoeira em grupos e sem o devido acompanhamento dos condutores da Regua. Como pudemos presenciar.

Levamos quase duas horas até a Cachoeira da Regua (foto1), antigamente chamada pela comunidade de Chapadão ou de Santo Amaro. Tal alteração de nomes dessa queda d'água pode ter, junto com a obrigatoriedade falada acima, criado animosidades em alguns moradores contra a Regua, responsável por essas mudanças. E também atiçado a elaboração de mirabolantes teorias da conspiração, como algumas que já ouvi de gente que tem casa em Guapiaçu.

Como falei antes, já havia um grupo lá em cima e sem condutor credenciado pela Regua, como o Miguel tinha observado. Eram cerca de 10 a 15 pessoas, que já estavam de saída quando chegamos. Foram todos cordiais e bastante educados, como deve ser.

Com o lugar deserto, como costumávamos sempre achar nas outras visitas, era hora de avaliar se valeria a pena cair ou não na água. Isso porque, o sol ia e vinha - e mesmo quando vinha, era tímido. Além do mais, o spray da cachoeira (vento formado pela queda d'água e suas gotículas) estava forte e fresco com a maior quantidade de água das chuvas. Por fim, a temperatura mais amena, não motivava ninguém a se molhar...

No entanto, chegar ali e não cair na água era o equivalente a visitar o Vaticano e não ver o Papa. Daí, eu e meu sobrinho, Lucas, fizemos um esforço e assim conseguimos entrar. Mas apenas depois de muito sofrimento e das brincadeiras sem graça do tio, que ficou jogando água no parente friorento.

Após o banho e o lanche - menos demorados por causa mesmo do frio - começamos a descida. Eram apenas 10h30! Para compensar a redução no tempo, prometi levar a dupla para conhecer o "Centrinho" de Guapiaçu, depois da caminhada.

Foto 2: a casa grande, que relembra o passado colonial de Guapiaçu.


Chegamos de volta ao Andarilho perto do meio-dia. O tempo já estava mais aberto e dando indícios de que ia abrir mais. Deixamos o Miguel de volta à sede da Regua e fomos em direção a Guapiaçu - onde conhecemos a sequência de casas que ocupam a sua rua principal, além do coreto e da casa grande de fazenda que relembra o passado colonial do lugar (Foto 2). E a qual está prestes a ser descaracterizada por um fracionamento em lotes mínimos, o que destruirá o clima de roça do lugar.

Voltamos para casa com a sensação do dever cumprido. E com o sol e grandes extensões de céu azul nos confirmando que aquela decisão de realizar o passeio mesmo sem remuneração havia valido à pena.

Veja as fotos desse passeio, em: https://www.ecoando.eco.br/galeria-de-fotos/.

Até a próxima trilha!

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador

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