CACHOEIRA SETE QUEDAS - 21/12/2019

Foto 1: a Cachoeira Sete Quedas, a mais alta do conjunto e também da área.



Embora as previsões do tempo prometessem chuva só à tarde, havia algumas nuvens bem ameaçadoras logo que chegamos ao Recanto do Sabiá, onde começamos a caminhada, às 8h. Felizmente, pegamos apenas dois episódios de chuvisco, sem risco de cabeça d'água (que é a cheia repentina dos rios, com potencial de arrastar banhistas corrente abaixo e à morte).

Mesmo sendo improvável acontecer esse fenômeno ali - tanto pelos indícios e previsões favoráveis da meteorologia, quanto pela proximidade das cabeceiras do Rio dos Colibris e de sua microbacia hidrográfica ser bastante reduzida, alertei aos participantes sobre protocolos preventivos a esse respeito. Antes prevenir do que remediar!

Entramos na trilha das cachoeiras às 8h15, passando direto pelos dois primeiros poços, o Pocinho e a Toca da Onça, para iniciarmos a sequência de banhos pela cascata mais majestosa e mais alta, a Sete Quedas (foto 1), onde chegamos por volta das 9h e pouco.

O tempo começou a abrir um pouco, lançando até alguns raios de sol no poço de águas cristalinas. Aliada ao abafamento do dia e ao aquecimento da caminhada, nossa vontade em ficar debaixo daquela ducha natural se tornou ainda maior.

Entre banhos, imersão na piscina, lanche e relaxamento, ficamos algo em torno de uma hora ali, totalmente sozinhos. Mas era hora de partir para o segundo poço, o da Toca da Onça (foto 2), onde chegamos às 10h30.

Foto 2: o Poço da Toca da Onça, segunda parada da caminhada.


Como estávamos bem refrescados dos banhos anteriores e o tempo havia fechado um pouco mais (chegando a chuviscar), pouca gente se animou a entrar naquele poço. Por isso, ficamos menos tempo ali, algo em torno de meia hora apenas.

Somente neste local, notamos um outro grupo tentar subir para a Sete Quedas, mas pela trilha desativada (a qual passa ao lado da Toca da Onça) e sem sucesso. Como continuavam meio desorientados, ajudei-os a seguir pela trilha correta alguns minutos antes de partirmos para o terceiro e último poço do conjunto, o Pocinho (foto 3), onde chegamos às 11h15.

Foto 3: grupo no Pocinho, o terceiro e último do conjunto.


Neste, que é o melhor poço de todos para o banho, curiosamente ninguém quis entrar, certamente por causa da refrescância acumulada ao longo dos banhos nas outras cachoeiras. No entanto, ficamos um bom tempo ali, curtindo a paz e a beleza daquele lugar. Aproveitamos, inclusive, para fazer um energizante exercício do silêncio.

Saímos da trilha por volta das 12h, partindo a bordo do Andarilho (a minivan do Ecoando) para a sede do Parque Estadual dos Três Picos (PEPT), do outro lado da rodovia RJ 116, a poucos quilômetros de onde estávamos.

Estacionamos em frente ao centro de visitantes do Parque, sendo recebidos por um cordial guarda-parque, que achava que iríamos fazer a visita da exposição permanente naquele momento. O mesmo concordou que seria melhor mesmo fazer a visita do jequitibá-rei o quanto antes, prevenindo a chuva que parecia iminente - mas que enganou todo mundo, já que o tempo foi abrindo cada vez mais.

Entramos na trilha interpretativa do jequitibá, que fica bem próxima do Centro de Visitantes, por volta das 12h30, chegando à árvore milenar 15 minutos depois de uma caminhada tranquila, privativa e deliciosa (foto 4).

Foto 4: caminhantes ao lado do jequitibá. Notar um deles sentado no galho que se desprendeu da árvore milenar.


Por mais que se repita a visita a esse colosso vegetal, a emoção de estar perto dele (ou dela) e de tocá-lo(la) nunca deixa de ser muito grande. Por isso e por outros motivos, ficamos pelo menos uns 30 minutos contemplando a árvore, abraçando-a, recebendo suas energias e imaginando como deve ser estar ali, viva e interagindo com o seu meio, há um milênio. Grandes viagens mentais cada um de nós certamente fez nesse contato com o jequitibá-mãe.

No entanto, dois galhos imensos que jaziam um de cada lado da árvore (foto 4), os quais não estavam quando estive ali da última vez, há dois anos, me preocuparam. Estaria a matriarca da floresta bem de saúde? Aqueles galhos teriam caído por força de algum vendaval ou por causa de alguma doença? Não conseguimos as respostas pois, quando retornamos ao centro de visitantes, não havia nenhum guarda-parque para esclarecer essas dúvidas.

Uma fita de escalada e um mosquetão montados próximos ao espaço onde outrora ficava um dos galhos caídos, há dezenas de metros de altura, atiçavam ainda mais nossa curiosidade e preocupação. Fiquei de apurar posteriormente essas questões e repassar ao grupo.

Embora pareça coisa de doido, eu e talvez alguns dos participantes, conversamos mentalmente com a árvore, agradecendo sua generosidade, desejando sua saúde e nos despedindo dela. Atitudes estas que, embora aparentemente sem sentido, vêm sendo comprovadas em pesquisas científicas como extremamente benéficas à nossa própria saúde, assim como abraçar árvores e simplesmente olhar para elas.

Prosseguindo pela trilha, que foi aberta há menos de três anos e que permitiu a construção de um interessante circuito (ou seja, uma trilha circular, onde o caminhante não precisa voltar por onde veio), visitamos áreas antes inacessíveis, como a Gruta dos Cristais, o Salão das Pedras e um pocinho do Rio do Pau da Cruz (foto 5). Ainda existia um outro atrativo, a Cachoeirinha, que deixamos de visitar por causa do desejo de alguns participantes em assistir à final da Libertadores, entre o Flamengo e o Liverpool.

Foto 5: banho em poço do Rio Pau da Cruz.


Assim, saímos da trilha pouco antes das 14h, aproveitando para visitar a exposição que apresenta o Parque Estadual dos Três Picos, sobre o qual eu já vinha repassando informações variadas ao grupo desde o início da caminhada.

20 minutos depois e já estávamos na estrada, a caminho do restaurante Santa Mônica, onde almoçaríamos e, quem quisesse, veria o jogo. Isso tudo às margens e às vistas do Rio Macacu e de uma matinha ciliar bem preservada (foto 6).

Foto 6: caminhantes nos aperitivos, aguardando o prato principal, na varanda do Restaurante Santa Mônica.


Depois de comermos muito bem, de brindarmos ao sucesso da atividade e de papearmos bastante, partimos para casa, por volta das 16h30.

Na estrada, agora com sol entre nuvens, notamos que a chuva havia ido embora totalmente, inclusive do topo das serras. Ou melhor, ela apenas tinha adiado sua caída para o dia seguinte.

Mas isso é história para o diário de trilha da próxima caminhada...

Veja mais fotos desse e de outros passeios do Ecoando, em: https://www.ecoando.eco.br/galeria-de-fotos/.

Até a próxima trilha!

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador

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