CACHOEIRAS NO VALE DO GUNZA - 18/01/2020
Foto 1: totem de pedras e, ao fundo, Cascata da Mãe D'Água, a mais bela queda d'água do conjunto de piscinas naturais do Rio da Divisa. |
Como toda
caminhada inaugural da programação de atividades do Ecoando no ano (assim como
a de encerramento, em dezembro), a mesma costuma carregar em si um simbolismo
ainda mais especial que as outras. Afinal, como ela abre um novo período, traz
consigo novas expectativas e desejos - como o da possibilidade de agregar novos
adeptos ao grupo e de haver mais acertos com a meteorologia na marcação dos
dias de caminhada.
E, a contar
com o desenrolar dessa atividade (desde a sua concepção até o seu cumprimento),
pode-se considerar que já atendemos algumas dessas expectativas, começando 2020
com o pé direito.
Escolhida a
dedo por ter um trajeto mais acessível e sombreado, além de proporcionar refrescantes
e terapêuticos banhos de rio, esta caminhada tinha a vantagem de poder ser
realizada mesmo em tempo chuvoso - desde que houvesse segurança suficiente e
quórum para isso. Características estas necessárias para época de grande calor
e de chuvas frequentes, como era o caso. Daí, talvez por causa desses e de
outros motivos, o grupo lotou em poucos dias.
Por outro
lado, por ser de fácil acesso e de estar sendo exponencialmente divulgado em
redes sociais, o mesmo roteiro tem sido cada vez mais procurado por banhistas
em fuga das praias lotadas - o que acaba não raras vezes enchendo de gente suas
piscinas naturais. Problema que tentaríamos contornar, caso fosse necessário,
madrugando e entrando na trilha mais cedo que o usual.
No entanto,
a chuva que veio caindo firme ao longo da semana do passeio e as previsões nada
animadoras para sua data, fizeram com que 7 dos 10 participantes inscritos
desistissem (já que, por causa justamente da alta possibilidade de chuva, eu
havia deixado a participação facultativa). Ou seja, o número daqueles que
haviam mantido seu desejo em caminhar, desde que fosse possível e seguro,
coincidia justamente com o número mínimo de participantes para se cumprir a
caminhada.
Horas antes
de buscar o pessoal em casa, monitorei o radar do Centro de Operações Rio, para
ver se era seguro sair de casa e caminhar. Tudo certo. A previsão era de chuva
de verdade só à tarde, tempo suficiente para completarmos o percurso e estarmos
de volta a Niterói sem risco de alagamento.
Assim, iniciamos
a caminhada por volta das 8h, em Vargem Grande, uma hora mais tarde do que o
planejado, exatamente por causa do tempo chuvoso e do consequente menor
movimento de visitantes - embora o sol tenha até aparecido em alguns momentos.
Subimos então direto até a Cachoeira da Mãe D'Água (foto 1), onde tomamos banho (foto 5) e
ficamos em torno de uma hora apreciando privativamente a beleza selvagem do
lugar.
O rio da
Divisa, que forma as cachoeiras e poços que visitaríamos, estava bem cheio,
como eu nunca havia visto em todos esses anos de visitas ao local. Mesmo assim,
as águas continuavam cristalinas, devido não apenas ao seu leito pedregoso, mas
especialmente por causa da proteção de suas margens, mananciais e encostas
pelas matas do Parque Estadual da Pedra Branca - sobre o qual eu fui repassando
informações variadas, a medida em que caminhávamos.
A próxima
parada, seria a Cachoeira da Laje (foto 2), onde ninguém quis entrar. Ali chuviscou um
pouco, mas sequer sendo o suficiente para nos molhar. Daí, seguimos direto para
o Poço do Pedrão (foto 3), onde fizemos um delicioso exercício do silêncio. Em todas
essas paradas, não encontramos com mais ninguém - a não ser na saída desta
última, quando vimos passar distante de nós um morador, subindo a trilha.
Foto 2: Cachoeira da Laje, onde ninguém quis tomar banho, talvez por causa da temperatura mais amena. |
Foto 3: exercício do silêncio no Poço do Pedrão. |
Antes de
descer para o Andarilho (a minivan do Ecoando), que havia ficado estacionado
numa casa próximo ao bar Tô na Boa, de quilombolas, levei o grupo para visitar
o bar da dona Nilza, outra moradora do Quilombo Cafundá Astrogilda, um dos três
únicos quilombos existentes no município reconhecidos pela Fundação Palmares.
Lá tomamos um caldinho de feijão saborosíssimo e acabado de sair do fogo.
Depois
dessa forração de estômagos e de termos trocado dois dedos de prosa com a
própria Dona Nilza, pegamos o caminho de volta e na hora certa (foto 4). Isso porque,
nos 10 minutos anteriores à chegada ao carro, a chuva começou a cair fraca, mas
contínua. Se tivéssemos saído alguns minutos depois, era possível que
tivéssemos ficado ensopados. Mas, ali, ela foi capaz apenas de nos refrescar.
Foto 4: saída do bar da Dona Nilza, no Quilombo Cafundá Astrogilda, depois de tomarmos um caldinho de feijão saborosíssimo e acabado de sair do fogo. |
Embarcamos no
Andarilho às 12h30, satisfeitos por termos "arriscado" e
"petiscado". Como se diz no ditado: "quem não arrisca não
petisca".
Voltando à
reflexão do início deste diário, o simbolismo dessa resiliência dos
participantes, que não desistiram de comparecer mesmo diante das adversidades,
da chuva, que alimentou o rio e tornou mais viçosas as matas, e da
exclusividade dos lugares visitados, por causa justamente da instabilidade do
tempo, confirmaram os bons augúrios desse ano para nossa programação.
Parabéns a
estes participantes, que bateram o pé e assim permitiram a realização da primeira
atividade de 2020 como deve ser: com esperança, perseverança e alegria. E nosso
obrigado a eles, também.
Foto 5: banho na Cascata da Mãe D'Água. |
Veja mais
fotos desse e de outros passeios do Ecoando, em: https://www.ecoando.eco.br/galeria-de-fotos/.
Abraços,
Cássio
Garcez
Coordenador
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