CIRCUITO DAS PRAIAS DA FERRADURA E AMORES - 01/02/2020

Foto 1: grupo no alto de promontório a beira mar, entre as praias da Ferradura e Ferradurinha.



Já a caminho de Armação dos Búzios, na Niterói-Manilha, vimos um belo nascer do sol, prenunciando o dia ensolarado e quente.

Começamos a caminhada pouco antes das 8h, na Praia da Ferradura, desencantando uma sequência de três adiamentos da mesma atividade, entre setembro e novembro do ano passado. O primeiro, se deveu a uma cirurgia do guia, mas os outros dois aconteceram unicamente por causa de pegadinhas do tempo - sendo uma delas extremamente ingrata.

Nesta, depois de uma semana inteira de chuvas intensas - que se estenderam até a madrugada de 16 de novembro, data da segunda tentativa - este guia foi obrigado a seguir o protocolo (em caso de dúvida, cancele!) em função das previsões conflitantes - algumas estimando a continuidade da chuva. No entanto, já pela manhã, o sol apareceu pleno, deixando todo mundo com uma frustração gigantesca - especialmente o responsável pelo cancelamento.

Daí, a caminhada de hoje tinha um gostinho especial, de vitória, pelo simples fato de estarmos ali, com um grupo consistente, com o tempo firme e prestes a entrar na trilha.

Embora fizesse calor já nessas primeiras horas da manhã e quase não ventasse, ainda havia algum conforto proporcionado pela sombra de nuvens que iam e vinham, e também pelos trechos mais fechados pela mata seca que caracteriza a vegetação da região do Cabo Frio. No entanto, à medida em que nos aproximávamos do meio-dia, o calor foi ficando difícil de suportar - como eu havia alertado aos participantes.

Como forma de atenuar o suadouro, saquei da mochila um aparato exclusivo, simples e eficaz, que usamos em atividades do Ecoando nesta época do ano: um borrifador de água mineral gelada (foto 2). O spray refrescante foi recebido com festa por quem já não aguentava mais o calorão.

Foto 2: parada de trilha, para refresco de spray de água mineral gelada. Foto: Mercedes Helena.


Com meia hora de caminhada, adentramos picada em direção a um mirante natural debruçado sobre reentrância rochosa (foto 1), de grande beleza, atrativo que não havíamos visitado das outras vezes (comprovando a máxima de que uma caminhada nunca é igual à outra). A cor azul turquesa do mar e o céu mesclado de azul e branco, contrastavam com as várias tonalidades de verde das matas e com os tons de cinza/marrom das rochas. Tiramos muitas fotos e continuamos a caminhada.

Nas paradas para retomar o fôlego, beber um gole d'água ou borrifar o rosto, eu ia compartilhando com o grupo a síntese das informações que transbordam daquele lugar.

Entre elas, a importância ecológica daquele tipo de formação vegetal, classificada por alguns autores como mata seca e, por outros, como um enclave extrassertanejo de caatinga. Tanto que essas florestas, que fazem parte da região do Cabo Frio (polígono que abarca cerca de 1.500 quilômetros quadrados desde Maricá até Armação dos Búzios), é um dos 14 centros de diversidade vegetal existentes no Brasil, reconhecidos pelo WWF (Fundo Mundial para a Natureza, ONG internacional dedicada à conservação, estudo e recuperação da natureza) e a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza, outra ONG com objetivos parecidos com a anterior) e prioritários à conservação segundo diversos especialistas.

Também foram repassadas ao grupo informações sobre a geografia do lugar, sobre sua história e também pré-história, além de curiosidades. Como sobre a carta em que a atriz Brigite Bardot escreveu para os organizadores de um festival de cinema realizado em Búzios, em 2014, em que ela diz que este foi o lugar em que foi mais feliz.

Mas, justamente por causa do calor e das raras sombras, tivemos que abreviar algumas paradas no intuito de buscar urgentemente o refresco do banho de mar ou das piscinas naturais.

Nossa próxima parada foi exatamente numa dessas depressões que acumulam água do mar entre as pedras (foto 3), num anfiteatro natural que é um verdadeiro playground para geólogos e amantes da geologia, por reunir em poucas dezenas de metros quadrados diversos tipos de formações geológicas - em especial o diabásio, rocha vulcânica que surgiu da separação entre os continentes sul americano e africano, há 130 milhões de anos.

Foto 3: a piscina natural formada pelo acúmulo de água do mar entre rochas de formações variadas.


Por sorte, havia sombra suficiente para o grupo todo à entrada de um abrigo rochoso, bem no canto do anfiteatro natural voltado para o oceano onde ficaríamos durante algum tempo. Seja para fugir do calor e lanchar com mais conforto, seja para quem quisesse tomar banho na melhor piscina natural do conjunto, ou apenas ficar curtindo a bela visão do mar. Demoramos pouco mais de uma hora neste camarote natural exclusivo. Aliás, encontramos com outras pessoas apenas no início da caminhada e na Praia dos Amores (foto 4).

Nesta, que chegamos por volta das 12h, havia lugar até à sombra da única amendoeira que existe lá, pois havia pouca gente no local. A água estava cristalina e refrescante, o que fez a festa de quem decidiu entrar.

Foto 4: águas cristalinas e calmas da Praia dos Amores da Enseada da Ferradurinha.


Saímos dali por volta das 13h, seguindo por outra trilha, na realidade uma estrada abandonada do condomínio que estava planejado para engolir grande parte daquelas matas, antes da criação do Parque Estadual da Costa do Sol, em 2011. Felizmente esta unidade de conservação passou a proteger este e pouco mais de outros 40 remanescentes florestais, entre Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Armação dos Búzios, frustrando os planos de empreendedores e especuladores imobiliários, por um lado, e fazendo a festa de ambientalistas, pesquisadores e moradores, por outro. Entre estes, nós.

Saímos pelo portal do tal condomínio às 13h20, o qual ainda mantém preservada grande parte de sua imponente e hoje inútil estrutura - ao lado de bodes, galinhas e cães do caseiro que ali habita.

Andamos por mais outros 20 minutos em ruas calçadas com paralelepípedos da Ferradura, até alcançarmos o meio da praia homônima, onde nos estabelecemos à sombra de uma casa construída sobre a areia daquela - um dos diversos absurdos da urbanização sem critérios de Búzios. Alguns de nós aproveitamos a estrutura de um bar de areia para comer e beber, além de dar uns mergulhos nas calmas águas daquela perfeita enseada (foto 5).

Foto 5: chegada à parte central da Praia da Ferradura, onde nos refugiamos do sol, tomamos mais banho de mar e alguns de nós forramos o estômago.
.

Como havia ameaça de temporal - flagrante em uma nuvem colossal que vinha se formando e se aproximando desde a Região Serrana -, adiantamos o reembarque no Andarilho (a minivan do Ecoando) para às 15h. Mesmo assim, não conseguimos escapar da chuva, que nos pegou ainda em Tamoios, na rodovia que liga Búzios a São Pedro. Por sorte ela não estava forte e passou assim que chegamos a Itaboraí.

Chegamos em Niterói por volta das 18h, felizes por termos finalmente desencantado essa atividade, em grande estilo e com um grupo nota 10!

Veja mais fotos desse e de outros passeios do Ecoando, em: https://www.ecoando.eco.br/galeria-de-fotos/.

Abraços,

Cássio Garcez
Coordenador

Comentários

Postagens mais visitadas